Gestrinona trata lipedema?

Lipedema é uma condição crônica, progressiva, quase exclusiva em mulheres, caracterizada pelo acúmulo de tecido adiposo nas extremidades inferiores. Nos últimos anos, o uso off-label da gestrinona, um esteroide sintético com ação androgênica, anti estrogênica e antiprogestagênica, tem sido promovido para o tratamento do lipedema, especialmente em implantes subcutâneos — apesar de não haver aprovação regulatória ou evidência científica que sustente tal indicação.

Um recente estudo investigou, de forma sistemática, se há evidência científica que comprove a eficácia e segurança da gestrinona no tratamento do lipedema.

🧪 Metodologia

  • Tipo de estudo: Revisão sistemática baseada nas diretrizes PRISMA.
  • Bases de dados pesquisadas: PubMed, MEDLINE, Cochrane Library, LILACS, ClinicalTrials.gov, ReBEC, Google Scholar e diretrizes clínicas de sociedades nacionais/internacionais.
  • Período de busca: Até 30 de julho de 2025.
  • Critérios de inclusão: Ensaios clínicos randomizados, estudos observacionais, revisões sistemáticas, séries de casos e diretrizes que avaliassem especificamente o uso de gestrinona no lipedema.
  • Resultados: Nenhum estudo atendeu aos critérios de inclusão. Não foram encontrados ensaios clínicos, estudos observacionais, revisões ou mesmo relatos de caso que avaliassem a gestrinona para essa finalidade. Tampouco foram identificados estudos em andamento.

📉 Resultados

  • Dos nove registros identificados (quatro em bases indexadas e cinco em literatura cinzenta), nenhum forneceu evidência clínica sobre a gestrinona no tratamento do lipedema.
  • Guias e consensos clínicos analisados (como SBACV, SBEM e Associação Brasileira de Lipedema) são unânimes ao desaconselhar o uso da gestrinona para lipedema, destacando a ausência de respaldo científico.

🩺 Tratamentos baseados em evidência para lipedema

Segundo os consensos nacionais e internacionais, os tratamentos recomendados incluem:

  1. Terapia compressiva (meias ou bandagens).
  2. Fisioterapia descongestiva complexa (CDT).
  3. Exercícios físicos adaptados, de baixo impacto.
  4. Orientação nutricional (dieta anti-inflamatória).
  5. Suporte psicológico.
  6. Lipoaspiração com preservação linfática, apenas em casos refratários e após pelo menos 12 meses de tratamento conservador.

⚠️ Discussão e Implicações

“O uso crescente da gestrinona em lipedema parece ser motivado por marketing estético e pressão comercial, e não por evidência científica.

A ausência de qualquer estudo clínico ou relato de caso que sustente sua eficácia ou segurança para essa condição é alarmante, especialmente considerando o risco de efeitos adversos relacionados a esteroides anabolizantes.

A gestrinona é substância proibida pela WADA e seu uso indiscriminado levanta preocupações éticas sérias, principalmente em um grupo de pacientes vulneráveis como mulheres com lipedema.” – Alerta o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular médico especialista em Lipedema que atende em São Paulo, Campinas e a distância (online).

❗ Conclusão

Não há qualquer base científica que justifique o uso de gestrinona para o tratamento de lipedema.
Sua prescrição representa risco potencial à saúde e deve ser evitada. Até que estudos clínicos controlados e aprovados por comitês de ética sejam conduzidos, o tratamento deve permanecer baseado em abordagens comprovadas, seguras e multidisciplinares.

Para consulta e agendamento com o Dr. Daniel Benitti em Campinas, ligue para (19) 3233-4123 ou (19) 3233-7911.

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Existe algum remédio que ajuda a tratar lipedema?

Um recente estudo avaliou a eficácia do Pycnogenol® (extrato de Pinus pinaster rico em polifenóis, proantocianidinas e ácidos fenólicos) no controle de sintomas e na composição corporal de mulheres com lipedema, comparado a placebo.

Métodos

Desenho

  • Ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo.
  • Duração: 60 dias.
  • Local: clínica especializada em Vitória – ES.

Participantes

  • 100 mulheres, 18–40 anos, diagnosticadas clinicamente com lipedema por dois angiologistas.
  • 93 completaram, mas foi usada imputação múltipla monotônica para lidar com perdas.
  • Exclusões: gestação, lactação, uso de anabolizantes, anorexígenos ou tratamento prévio para lipedema.

Intervenção

  • Pycnogenol® 50 mg (Flebon®), 1 comprimido a cada 8 horas.
  • Grupo placebo recebeu comprimidos idênticos em cor, odor e formato.

Avaliações

  1. QuASiL – questionário validado (Amato et al.) de 15 itens que mede intensidade dos sintomas (0–150).
  2. Bioimpedância tetrapolar – peso, gordura total e segmentar.
  3. Consultas presenciais no início, 30 e 60 dias, além de ligações semanais para adesão.

Resultados

1. Baseline

  • Grupos homogêneos em idade, sintomas, hábitos e antropometria.
  • Peso inicial mais baixo no grupo Pycnogenol® (76,7 vs 83,7 kg), mas % de gordura total e segmentar iguais, garantindo comparabilidade.

2. Evolução dos Sintomas — QuASiL

Placebo

  • Piorou progressivamente:
    • 88,1 → 90,9 → 92,9 pontos.

Pycnogenol®

  • Melhora rápida e contínua:
    • 88,8 → 69,5 → 63,2 pontos (p < 0.001).

Melhoras específicas por sintoma

Após 30 e 60 dias houve melhora significativa e dose-dependente em:

  • dor,
  • sensibilidade/dormência,
  • hematomas,
  • sensação de peso,
  • fadiga,
  • queimação,
  • câimbras,
  • frio nas pernas,
  • edema,
  • irritação cutânea,
  • dificuldade para caminhar,
  • satisfação com a aparência das pernas.

(Todas essas variáveis mostraram mudanças estatisticamente significativas nos gráficos do QuASiL)

3. Peso, IMC e Gordura Corporal

Placebo

  • Aumento leve:
    • peso, IMC e % gordura aumentaram entre 30 e 60 dias.

Pycnogenol®

  • Peso estável.
  • Redução do % de gordura corporal, especialmente entre 30→60 dias.

Interpretação

O Pycnogenol® parece modular:

  • inflamação,
  • retenção hídrica,
  • microcirculação,
  • metabolismo lipolítico
    → levando à redução de gordura medida por bioimpedância.

Discussão

O estudo demonstra:

1. Melhora clínica relevante

O Pycnogenol® atinge múltiplos mecanismos fundamentais do lipedema:

  • inflamação crônica,
  • estresse oxidativo,
  • microangiopatia e fragilidade vascular,
  • linfostase,
  • dor e edema.

O resultado é um melhor controle sintomático e impacto significativo na qualidade de vida.

2. Efeito metabólico

O artigo discute a ação do Pycnogenol®:

  • ativa PKA/cAMP → estimula HSL → lipólise,
  • melhora metabolismo glicídico e lipídico,
  • pode contribuir para controle de peso e composição corporal.

3. Importância clínica

  • Lipedema é uma doença subdiagnosticada.
  • O Pycnogenol® surge como opção adjuvante eficaz, especialmente para quem não terá acesso imediato a cirurgia.

Limitações

  • Estudo de um único centro.
  • Amostra regional.
  • Diferença de peso no baseline.
  • Necessidade de estudos multicêntricos, longos e estratificados por estágio de lipedema.

Conclusão Geral

O Pycnogenol®:

 Reduz intensamente sintomas do lipedema

(dor, peso, edema, queimação, hematomas, fadiga)

 Melhora a qualidade de vida de forma robusta

(queda de ~25 pontos no QuASiL em 60 dias)

 Reduz gordura corporal

principalmente em membros inferiores.

 Estabiliza peso e IMC

enquanto o placebo piora.

 É seguro, bem tolerado e acessível

em forma farmacêutica amplamente disponível.

Este é o primeiro ensaio clínico randomizado avaliando Pycnogenol® em lipedema, e abre caminho para inclusão formal como adjuvante terapêutico.

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Seria possível melhorar os fogachos sem hormônios?

Ondas de calor são sintomas altamente prevalentes e debilitantes na menopausa, afetando até 80% das mulheres e podendo persistir por 4 a 7 anos. Terapia hormonal é o melhor tratamento mas ainda temos muitas mulheres com medo de utilizar e poucos médicos prescrevendo de forma adequada. Esse cenário cria a necessidade de alternativas não hormonais eficazes.

Um recente estudo estudo avaliou a hipnose autoadministrada, acessível via gravações de áudio para controle das ondas de calor em mulheres na menopausa.

2. Objetivo do Estudo

Comparar:

  • Hipnose autoadministrada (áudios com indução, relaxamento e visualização de resfriamento)
    vs
  • Sham hypnosis (áudios de white noise apresentados como hipnose)

Principais desfechos:

  • Redução da pontuação das ondas de calor (frequência × intensidade)
  • Interferência no dia a dia (HFRDIS)
  • Percepção subjetiva de benefício
  • Interação entre adesão e efeito

3. Desenho do Estudo

  • Ensaio clínico randomizado
  • 250 mulheres pós-menopausa
  • Realizado em 2 centros (Baylor University e University of Michigan)
  • Duração da intervenção: 6 semanas
  • Follow-up: 12 semanas
  • Critério de inclusão: ≥4 ondas de calor/dia ou ≥28/semana

Braços:

  1. Hipnose autoadministrada (20 min/dia)
  2. Sham hypnosis (ruído branco 20 min/dia)

Grupo cego (participantes não sabiam qual era o ativo).

4. Resultados Principais

🔥 4.1 Redução da pontuação das ondas de calor

Após 6 semanas:

  • Hipnose: redução de 53,4%
  • Sham: redução de 40,9%
  • P = 0.04

Após 12 semanas:

  • Hipnose: redução de 60,9%
  • Sham: redução de 44,2%

Mais da metade das mulheres com hipnose atingiram ≥50% de redução, considerado clinicamente significativo:

  • 60,4% no grupo hipnose
  • 42,2% no controle

🌡️ 4.2 Frequência por gravidade

  • Melhora em todas as intensidades.
  • O maior benefício foi para episódios moderados.
  • Mulheres com hipnose tiveram queda mais rápida e sustentada.

🎗️ 4.3 Subgrupo com câncer de mama

Esse grupo respondeu ainda melhor:

  • Redução muito superior à do grupo controle (P=0.002).
  • Pontuações caíram de 98 → 35 em 6 semanas no grupo hipnose.

🧭 4.4 Interferência no dia a dia (HFRDIS)

  • Hipnose: redução de 56,6%
  • Sham: redução de 48,8%

A maior melhora no grupo hipnose ocorreu em:

  • Lazer (62,6% de melhora)
  • Atividades sociais
  • Humor
  • Qualidade de vida como um todo

 4.5 Percepção de benefício

“Melhorou moderadamente” ou “melhorou muito”:

  • 90,3% no grupo hipnose
  • 64,3% no controle

Mulheres que disseram estar “muito melhor”:

  • 32% hipnose
  • 18,4% controle

✔️ 4.6 Segurança

  • Apenas efeitos adversos leves (insônia, dores — não relacionados ao tratamento).
  • Nenhum evento moderado ou grave.

5. Conclusões

“ A hipnose autoadministrada é altamente eficaz, reduzindo sintomas em mais de 50%.

Melhora a qualidade de vida de forma significativa.

É segura, incluindo para mulheres com histórico de câncer de mama.

Representa uma alternativa não hormonal de alta acessibilidade.

O estudo reforça diretrizes da Menopause Society, que já recomendam hipnose como intervenção de primeira linha não hormonal. Devemos sempre valorizar tratamento não medicamentosos pois eles podem também ser a porta de entrada para tratamentos mais eficazes.” – Finaliza o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular médico especialista em Lipedema que atende em São Paulo, Campinas e a distância (online).

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Close-up of smiling female holding red heart

Vitamina D e Infarto

Um novo estudo do Intermountain Health, em Salt Lake City, relata que um plano personalizado de tratamento com vitamina D3 para pacientes que sofreram um infarto pode reduzir significativamente as chances de um novo evento cardíaco.

Em um grande ensaio clínico randomizado, os pesquisadores descobriram que controlar os níveis de vitamina D dos pacientes por meio de uma abordagem de “tratamento com meta” — na qual os níveis sanguíneos eram monitorados e as doses ajustadas para alcançar um intervalo ideal — reduziu em 50% a probabilidade de um segundo infarto.
Os resultados foram apresentados em 9 de novembro, nas Sessões Científicas da American Heart Association de 2025, em New Orleans.

Resultados iniciais encorajadores

Esses achados são muito promissores. Não foram observados desfechos adversos quando administradas doses mais altas de vitamina D3, e ainda foi reduzido significativamente o risco de um novo infarto,

“Os resultados têm grande relevância mundial, já que entre metade e dois terços da população global apresentam baixos níveis de vitamina D. Antigamente, a maior parte das pessoas obtinha vitamina D suficiente por meio da exposição ao sol. Hoje, com mudanças de estilo de vida e recomendações médicas para reduzir o risco de câncer de pele, as pessoas passam menos tempo ao ar livre e dependem mais de suplementação de vitamina D3 para manter níveis saudáveis.” – Explica o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular médico especialista em Lipedema que atende em São Paulo, Campinas e a distância (online).

Da observação à terapia personalizada

Níveis baixos de vitamina D há muito tempo estão associados a piores desfechos cardiovasculares em estudos observacionais. Entretanto, ensaios clínicos anteriores que utilizaram doses padronizadas de suplementação não conseguiram demonstrar redução significativa no risco de doença cardíaca.
Os cientistas do Intermountain decidiram testar uma abordagem diferente: em vez de dar a mesma dose para todos, e se o objetivo fosse ajustar a suplementação para atingir um nível sanguíneo saudável?

“Estudos anteriores simplesmente administravam vitamina D sem verificar regularmente os níveis no sangue para avaliar o resultado da suplementação. Com um tratamento mais direcionado — monitorando exatamente como a suplementação estava funcionando e fazendo ajustes — ele evidenciaram que o risco de um segundo infarto foi reduzido pela metade.” – Comenta o Dr.

Dentro do ensaio clínico TARGET-D

O estudo Intermountain, chamado TARGET-D, foi conduzido entre abril de 2017 e maio de 2023 e incluiu 630 pacientes que haviam sofrido um infarto dentro de um mês antes da inclusão no estudo.
Os participantes foram acompanhados até março de 2025 para avaliação de desfechos cardiovasculares.

Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: um não recebeu manejo específico de vitamina D, enquanto o outro passou por tratamento ativo e direcionado com vitamina D3.

O objetivo no grupo tratado era elevar os níveis sanguíneos de vitamina D para acima de 40 ng/mL. No início, 85% dos participantes tinham níveis inferiores a esse valor.

Dose, monitorização e resultados

Mais da metade dos pacientes que receberam tratamento direcionado precisaram de uma dose inicial de 5.000 UI de vitamina D3, em comparação com as recomendações usuais de 600–800 UI.
Os níveis de vitamina D foram avaliados anualmente nos pacientes que se mantinham na faixa adequada.
Aqueles com níveis baixos eram testados a cada três meses e tinham a dose ajustada até ultrapassarem 40 ng/mL. Depois disso, seus níveis passaram a ser monitorados anualmente.

Os pesquisadores acompanharam eventos cardíacos maiores (MACE), incluindo infartos, AVC, internações por insuficiência cardíaca ou mortes.
Entre os 630 participantes, 107 passaram por esses eventos.
Embora não tenha havido diferença significativa no risco geral de MACE entre os grupos, o risco de um segundo infarto foi reduzido pela metade nos pacientes que receberam tratamento direcionado com vitamina D.

Próximos passos

Os pesquisadores planejam ampliar o estudo com um ensaio clínico maior para confirmar e aprofundar esses achados.
Um grupo maior de participantes permitirá avaliar de forma mais completa se o manejo direcionado da vitamina D pode reduzir não apenas novos infartos, mas também outros tipos de doença cardiovascular.

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O seu peso importa?

Um recente estudo quantificou como diferentes medidas de obesidade central — como circunferência da cintura, relação cintura-quadril, relação cintura-estatura, circunferência de quadril/coxa, índice de adiposidade corporal e ABSI — se associam ao risco de mortalidade por todas as causas, além de avaliar o formato da curva dose-resposta.

📚 Métodos

  • Tipo de estudo: Revisão sistemática + meta-análise
  • Fontes: PubMed e Scopus (até julho/2019)
  • Amostra total:
    • 72 estudos de coorte
    • 2.528.297 participantes
    • 150.164 mortes
  • Avaliou risco de mortalidade associado a:
    • Circunferência da cintura
    • Relação cintura-quadril
    • Relação cintura-estatura
    • Relação cintura-coxa
    • Circunferência de quadril
    • Circunferência de coxa
    • Índice de adiposidade (BAI)
    • ABSI (A Body Shape Index)

Modelos ajustaram por potenciais confundidores; BMI também foi incluído quando disponível.

🔍 Principais Resultados

🔴 Medidas associadas a MAIOR mortalidade

MedidaAumento analisadoHR (Risco relativo)
Circunferência da cintura+10 cm1.11
Relação cintura-quadril0,11.20
Relação cintura-estatura0,11.24
Relação cintura-coxa0,11.21
BAI10%1.17
ABSI0,0051.15

→ Conclusão: A gordura central está fortemente associada a maior mortalidade, independentemente do BMI.

🟢 Medidas associadas a MENOR mortalidade

MedidaAumento analisadoHR
Circunferência do quadril+10 cm0.90
Circunferência da coxa+5 cm0.82

→ Quadris e coxas maiores são ser fatores protetores.

📈 Forma das Associações

  • Circunferência da cintura & Cintura-estatura: curva em J
    • Menores valores → neutralidade
    • Aumento → risco crescente de mortalidade
  • Cintura-quadril e ABSI: associação positiva linear
  • Índice de adiposidade (BAI): curva em U
    • Tanto valores muito baixos quanto altos → aumento de risco

👥 Subgrupos

  • Associação persistiu mesmo após ajuste para BMI
  • Associações mais fortes:
    • Mulheres
    • Jovens < 60 anos
  • Em fumantes → risco atenuado (congestão de risco)
  • Em pessoas com ≥10 anos de seguimento → associação mais clara (menos confusão por doença prévia)

 Conclusões

“A obesidade central é preditor independente de mortalidade, mesmo após ajuste para IMC.

Medidas tradicionais como IMC são insuficientes; deve-se incluir medidas de adiposidade central para melhor estratificação de risco. Gordura periférica (quadril/coxa) mostra efeito protetor.

Devemos incorporar circunferência de cintura, WHR, WHtR na avaliação clínica de risco. A distribuição da gordura importa muito mais do que a quantidade total. Nesse quesito as mulheres com lipedema têm uma proteção enorme de todas as causas de morte” – Avalia o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular médico especialista em Lipedema que atende em São Paulo, Campinas e a distância (online).

⚠️ Aplicações clínicas

  • BMI sozinho não distingue massa magra de gordura
  • Distribuição de gordura importa mais que a quantidade total
  • Medidas simples (ex.: fita métrica) podem melhorar prognóstico populacional

💡 Mecanismos propostos

  • Gordura visceral → maior inflamação, resistência à insulina, risco cardiometabólico
  • Gordura em quadris/coxa → efeito metabólico protetor (captação de ácidos graxos, menor inflamação)

🔎 Pontos Fortes

  • Grande amostra
  • Muitos países
  • Diversas medidas anatômicas avaliadas

⚠️ Limitações

  • Heterogeneidade alta
  • Possível confusão residual
  • Métodos de ajuste variaram entre estudos

🧾 Conclusão central

Gordura abdominal é forte preditor de mortalidade, independentemente do IMC; já maior volume em quadris e coxas é protetor. A avaliação de risco baseada apenas em IMC é insuficiente e deve ser complementada com medidas centrais

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 A importância dos exames após os 40 anos: sua saúde nas suas mãos

A partir dos 40 anos, o corpo feminino atravessa mudanças hormonais profundas — muitas vezes silenciosas — que influenciam o coração, o metabolismo, os ossos, o cérebro e o bem-estar geral. Por isso, compreender o que está acontecendo “por dentro” se torna essencial para agir de forma preventiva e estratégica.

Infelizmente, muitas mulheres têm seus sintomas reduzidos a “coisa da idade”, estresse ou “normal da menopausa”.
A verdade é outra: existe muito o que pode ser feito para proteger a saúde e a qualidade de vida.
E tudo começa com exames adequados.

A lista abaixo mostra por que esses exames são tão importantes na meia-idade e como eles ajudam a guiar decisões mais inteligentes para as próximas décadas.

❤️ 1) Painel cardiovascular avançado

📌 ApoB • Lp(a) • LDL • HDL • Colesterol total

Com a queda do estrogênio, o colesterol tende a aumentar e as partículas pequenas de LDL — mais aterogênicas — tornam-se mais comuns.
Avaliar apenas o “colesterol total” não é suficiente.

✅ O ApoB mostra quantas partículas realmente estão entupindo suas artérias
✅ O Lp(a) revela um risco genético muitas vezes invisível

Esses marcadores dão um retrato real do risco cardiovascular atual e futuro

.

🍬 2) Glicose, insulina e resistência à insulina

📌 Glicemia de jejum • Hemoglobina A1c • Insulina de jejum • HOMA-IR

Durante a perimenopausa, o corpo se torna menos eficiente em lidar com a glicose, favorecendo resistência à insulina mesmo sem ganho de peso.

✅ Detecta alterações metabólicas anos antes do diabetes
✅ Ajuda a explicar ganho de peso, cansaço e dificuldade para emagrecer

🦴 3) Saúde óssea

📌 DEXA • Vitamina D •  Magnésio

A perda de estrogênio acelera a perda óssea.
Muitas mulheres podem perder até 20% da massa óssea nos primeiros anos da menopausa sem perceber — aumentando o risco de fraturas e perda de autonomia

.

✅ O DEXA identifica precocemente osteopenia/osteoporose
✅ A Vitamina D auxilia na absorção de cálcio e força óssea

🦋 4) Função tireoidiana

📌 TSH • T4 livre • T3 livre

Hipotireoidismo pode imitar sintomas da menopausa:
– cansaço
– queda de cabelo
– dificuldade para perder peso
– névoa mental

Um simples painel pode revelar causas tratáveis desses sintomas

.

🩸 5) Estoque de ferro e anemia

📌 Ferritina • Hemograma • Ferro sérico • Saturação de ferro

Devido a anos de ciclos menstruais intensos ou irregulares, muitas mulheres chegam aos 40 com reservas de ferro baixas, mesmo sem anemia.

✅ A ferritina detecta deficiência antes do hemograma cair
✅ Corrigir o ferro melhora energia, cognição e imunidade

🔥 6) Marcadores hormonais

📌 Estradiol •  FSH •  anti-mulleriano

Os níveis hormonais podem ajudar a compreender onde a mulher se encontra na transição menopausal — especialmente se ela usa DIU, fez histerectomia ou tem ciclos irregulares.

✅ Úteis para entender alterações de libido, energia e composição corporal

🔥 7) Inflamação crônica

📌 PCR •  Homocisteína

A inflamação sistêmica contribui para doenças cardiovasculares, dores crônicas, fadiga e declínio cognitivo.

✅ Monitorá-la ajuda a guiar estratégias de nutrição, exercício e terapia

🌿 Conclusão

Passar dos 40 não é o começo do declínio — é o momento em que informação vira poder.
Com esses exames, é possível:

✅ Entender sua saúde em tempo real
✅ Prevenir doenças antes que apareçam
✅ Individualizar dieta, suplementação, exercício e tratamento
✅ Melhorar energia, humor, peso, sono e cognição
✅ Proteger coração, ossos e cérebro por décadas

Envelhecer bem começa com autoconhecimento biológico.
E exames são o primeiro passo.

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Anticoncepcional e câncer de mama

Um recente estudo avaliou o risco de câncer de mama varia entre diferentes tipos e formulações de contraceptivos hormonais em adolescentes e mulheres pré-menopáusicas.

 Métodos

  • Tipo de estudo: Coorte nacional, populacional, baseada em registros suecos.
  • Período: 2006–2019.
  • População:
    • 2.095.130 meninas e mulheres (13–49 anos)
    • Sem histórico de câncer ginecológico ou de mama
  • Exposição:
    • Uso atual/previo de contraceptivos hormonais
    • Subanálises por tipo (combinado ou apenas progestagênio), progestagênio específico e via de administração
  • Desfecho:
    • Câncer de mama invasivo ou in situ
  • Análise estatística:
    • Modelo de Cox dependente do tempo
    • Ajustes para variáveis demográficas, cirúrgicas e reprodutivas

 Resultados Principais

📌 Associação geral

  • O uso de qualquer contraceptivo hormonal foi associado a maior risco de câncer de mama:
    • HR 1,24 (IC 95% 1,20–1,28)
    • Equivale a 1 caso adicional/7.752 usuárias por ano

O risco absoluto é pequeno, mas relevante em larga escala populacional.

📌 Por tipo hormonal

TipoHRInterpretação
Combinado (estrogênio + progestagênio)1,12Aumenta moderadamente
Somente progestagênio1,21Aumenta mais que combinado

Contraceptivos somente com progestagênio mostraram maior risco que os combinados.

📌 Por molécula (progestagênio)

Maior risco associado a:

ProgestagênioFormulaçãoHR (aprox.)
Desogestrel oral (só progestagênio)Oral1,18–1,23
Desogestrel combinadoOral1,19
Etonogestrel (metabólito do desogestrel)Implante1,22
LynestrenolOral1,13

Menor ou nenhum aumento significativo:

  • Drospirenona combinada
  • Anel vaginal etonogestrel

📌 Dispositivos intrauterinos (DIU)

  • Levonorgestrel DIU 52 mg:
    • HR 1,13
      → Pequeno aumento de risco, menor que desogestrel.

📌 Duração do uso

Risco aumenta com tempo de exposição:

DuraçãoHR
<1 ano1,11
1–5 anos1,21
5–10 anos1,34

Uso prolongado → maior risco

 Dose–resposta

  • Desogestrel mostrou maior risco por mg quando usado sozinho vs. combinado
    → Estrogênio parece atenuar o risco do progestagênio.

 Mecanismos Biológicos

  • Progestagênios podem:
    • Estimular proliferação epitelial da mama
    • Ativar receptores de progesterona
  • Desogestrel tem menor afinidade por receptor androgênico → pode explicar maior risco comparado ao levonorgestrel.

 Pontos Fortes

  • Maior estudo do tipo até hoje
  • Grande número de usuárias
  • Longo seguimento (21 milhões de pessoa-anos)
  • Avaliação detalhada por tipo e dose

 Limitações

  • Dados de uso antes de 2005 não disponíveis
  • Falta de informações individuais como:
    • História familiar
    • Menarca
    • Amamentação
      → Porém, análises de sensibilidade indicam pouca influência desses fatores.

 Conclusões

“Há aumento pequeno, porém consistente, do risco de câncer de mama associado ao uso de contraceptivos hormonais. O risco varia conforme o tipo de progestagênio: Desogestrel e etonogestrel com maior risco e Levonorgestrel apresentando menor risco relativo. O risco aumenta conforme a duração de uso. O risco absoluto é baixo, mas deve ser discutido dentro de uma medicina personalizada. Não recomendamos implantes com etonogestrel em mulheres com lipedema. A escolha contraceptiva deve considerar o perfil de risco individual.” – destaca o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular médico especialista em Lipedema que atende em São Paulo, Campinas e a distância (online).

 Implicações clínicas

  • Evitar desogestrel em pacientes com alto risco familiar/genético
  • Priorizar planejamento anticonceptivo personalizado
  • Considerar alternativas com menor risco (ex.: levonorgestrel, drospirenona)

Para consulta e agendamento com o Dr. Daniel Benitti em Campinas, ligue para (19) 3233-4123 ou (19) 3233-7911.

Para consultas com o Dr. Daniel Benitti em São Paulo, ligue para (11) 3081-6851.

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Você é intolerante ao glúten?

Um recente estudo estimou a prevalência mundial e as características clínicas da sensibilidade ao glúten/trigo não celíaca autorrelatada (NCGWS) através de revisão sistemática e metanálise.

🔎 Metodologia

  • Revisão sistemática e metanálise seguindo PRISMA 2020.
  • Bases pesquisadas: MEDLINE, Embase, Scopus e Web of Science até maio/2025.
  • 25 estudos incluídos, totalizando 49.476 participantes, provenientes de 16 países.
  • População geral; casos hospitalares não foram incluídos.
  • Análise por modelo de efeitos aleatórios.

📊 Principais Resultados

 Prevalência global

  • 10,3% (IC 95%: 7,0–14,0%) da população relata alguma sensibilidade a glúten/trigo.

Ou seja: 1 em cada 10 pessoas no mundo acredita ter sintomas relacionados ao consumo de glúten/trigo.

👩‍🦰 Diferenças por sexo

  • Mulheres têm maior probabilidade de relatar NCGWS:
    • Prevalência em mulheres: 14%
    • Prevalência em homens: 7,6%
    • OR 2,29 → quase 2,3× mais frequente em mulheres

🌍 Variação por país

Grande variabilidade entre nações:

  • Menores taxas: Chile (0,7%)
  • Moderadas: França (2,4%), EUA (5,1%), Brasil ~10%
  • Maiores: Reino Unido (23%), Arábia Saudita (36%)

Diferenças refletem fatores culturais, percepção pública, marketing de dieta sem glúten e métodos de estudo.

🤢 Sintomas mais comuns

Gastrointestinais:

  1. Distensão abdominal — 71%
  2. Desconforto abdominal — 46%
  3. Dor abdominal — 36%
  4. Constipação — 26%
  5. Diarreia — 21%
  6. Náuseas — 13%

Extraintestinais:

  1. Fadiga — 32%
  2. Cefaleia — 18%
  3. Artralgia — 10%
  4. Rash cutâneo — 7%

🧠 Comorbidades psicológicas

Indivíduos com NCGWS têm maior probabilidade de:

Reforça a ligação com transtornos de interação intestino-cérebro.

🌀 Associação com Síndrome do Intestino Irritável (SII/IBS)

  • OR 4,78 → quase 5× maior chance de ter IBS
  • Aproximadamente 28% dos indivíduos com NCGWS relatam sintomas compatíveis com IBS.

🍞 Aderência à dieta sem glúten

  • 40% das pessoas que se consideram sensíveis seguem dieta sem glúten.

🩺 Diagnóstico médico

  • Apenas 32% relatam diagnóstico formal.
  • Sugere autodiagnóstico e conduta alimentar sem orientação.

 Prevalência de doença celíaca e alergia ao trigo

No mesmo conjunto de estudos:

  • Doença celíaca autorrelatada: 0,7%
  • Alergia ao trigo: 0,8%

Mostra que a prevalência de NCGWS autorrelatada (10,3%) supera vastamente as condições orgânicas documentadas.

🧬 Interpretação e Discussão

  • Os achados sugerem que NCGWS pode estar mais inserida no espectro dos distúrbios de interação intestino-cérebro (DGBI) do que ser uma entidade imunológica semelhante à doença celíaca.
  • Estudos controlados demonstram forte efeito nocebo: sintomas podem ocorrer mesmo sem ingestão real de glúten.
  • Em muitos casos, sintomas atribuídos ao glúten podem ser desencadeados por FODMAPs, especialmente frutanos, abundantes em alimentos à base de trigo.
  • A alta adesão a dietas sem glúten sem orientação médica pode resultar em:
    • Risco nutricional
    • Custos financeiros desnecessários
    • Sofrimento psicossocial

📌 Pontos fortes

  • Primeira síntese global robusta
  • Amostra grande (>49 mil)
  • Diversidade geográfica
  • Análises estratificadas e de sensibilidade

⚠️ Limitações

  • Alta heterogeneidade dos estudos
  • Dados autorrelatados  risco de viés
  • Ausência de biomarcadores definidos
  • Falta de dados em vários países

 Conclusões

  • A sensibilidade ao glúten/trigo autorrelatada é comum.
  • O quadro apresenta forte:
    • Predomínio feminino
    • Associação com sintomas gastrointestinais e sistêmicos
    • Relação com distúrbios psicológicos
    • Sobreposição com IBS

O estudo sugere reposicionar a NCGWS no espectro dos distúrbios de interação intestino-cérebro (DGBI), prioritizando diagnóstico baseado em sintomas, apoio multidisciplinar e evitando restrições alimentares desnecessárias

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Não inicie a reposição hormonal na menopausa!

A menopausa pode afetar as mulheres física e emocionalmente devido à queda nos níveis de estrogênio. Para algumas, a terapia hormonal tem se mostrado valiosa no controle dos sintomas incômodos da menopausa. Um novo estudo sugere que o momento em que a mulher inicia o uso dos hormônios faz uma grande diferença nos resultados de saúde a longo prazo. Os resultados foram apresentados no Encontro Anual de 2025 da The Menopause Society, em Orlando, de 21 a 25 de outubro.

Uma grande porcentagem de mulheres apresenta algum tipo de sintoma da menopausa, sendo as ondas de calor o mais comum. Muitas começam a sentir esses sintomas ainda na perimenopausa — o período de transição antes da última menstruação — que pode durar vários anos, durante os quais os níveis de estrogênio flutuam e diminuem.

A terapia com estrogênio tem se mostrado uma das formas mais eficazes e geralmente seguras de lidar com os sintomas da menopausa. No entanto, ainda há pouca informação sobre o impacto de iniciar essa terapia durante a perimenopausa em relação aos desfechos de saúde a longo prazo. Uma nova análise retrospectiva de coorte, baseada em mais de 120 milhões de registros de pacientes, buscou comparar os efeitos do início da terapia estrogênica durante a perimenopausa, após a menopausa ou a ausência de uso. O estudo avaliou especificamente o risco de câncer de mama, infarto e AVC associado à terapia com estrogênio.

Os resultados mostraram que mulheres na perimenopausa que usaram estrogênio por pelo menos 10 anos antes da menopausa tiveram chances significativamente menores — cerca de 60% — de desenvolver câncer de mama, infarto e AVC, em comparação com os outros dois grupos. Mulheres que começaram a terapia após a menopausa apresentaram risco ligeiramente menor de câncer de mama e infarto do que aquelas que nunca usaram hormônios. No entanto, tiveram uma probabilidade 4,9% maior de sofrer um AVC em relação ao grupo que não fez terapia hormonal.

Esses achados destacam o potencial benefício de iniciar precocemente a terapia estrogênica durante a perimenopausa para reduzir riscos e otimizar os resultados de saúde a longo prazo.

“A apresentação teve o título “The Timing of Estrogen Therapy: Perimenopausal Benefits and Postmenopausal Risks” e provavelmente este será o título do artigo dos pesquisadores de Cleveland.  Há muito tempo existe um debate sobre se e quando a terapia com estrogênio deve começar, então esperamos que o uso de dados de prontuários eletrônicos em larga escala ajude a esclarecer essa questão.” –  Comenta o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular médico especialista em Lipedema que atende em São Paulo, Campinas e a distância (online)

Pesquisas clínicas adicionais ainda são necessárias para confirmar esses resultados e investigar os efeitos a longo prazo da terapia estrogênica em diferentes estágios da menopausa.

Os resultados deste estudo sugerem menor risco e potencialmente maior benefício da terapia à base de estrogênio quando iniciada na perimenopausa. Embora o desenho observacional do estudo esteja sujeito a vieses conhecidos, como o ‘viés do usuário saudável’, esses achados podem abrir caminho para novas pesquisas sobre os riscos e benefícios da terapia hormonal quando iniciada mais cedo na transição menopausal.

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Consenso Europeu Menopausa

Consenso Europeu 2025 da European Society of Endocrinology (ESE) sobre menopausa e perimenopausa é um documento extenso e de alta relevância clínica que define recomendações atualizadas para diagnóstico e manejo, com foco na individualização da terapia hormonal (TRH/MHT) e na abordagem holística da mulher no climatério.
Segue um resumo detalhado estruturado por seções:

🧬 1. Contexto e objetivos

O guideline foi desenvolvido para padronizar a conduta de profissionais de saúde frente às mulheres em menopausa natural, precoce ou insuficiência ovariana prematura (POI), abordando:

  • Diagnóstico clínico e laboratorial;
  • Terapia hormonal e não hormonal;
  • Impacto na saúde óssea, cardiovascular, mental e sexual;
  • Abordagem em mulheres com contraindicação hormonal, como as com câncer de mama.

A menopausa é considerada um espectro, incluindo perimenopausa, menopausa e pós-menopausa.
Cerca de 25% das mulheres apresentam sintomas debilitantes, principalmente fogachos, distúrbios do sono e alterações de humor

.

🧪 2. Diagnóstico e avaliação

  • Não é necessário exame laboratorial em mulheres >45 anos com sintomas típicos.
  • FSH e estradiol só devem ser dosados em mulheres <45 anos com irregularidade menstrual ou infertilidade.
  • POI (<40 anos) deve ser confirmada com FSH >25 IU/L (duas vezes, com 4 semanas de intervalo).
  • Avaliar causas genéticas (FMR1, Turner), autoimunes e iatrogênicas (cirurgia, quimio, radioterapia).
  • Mulheres com POI devem ser encaminhadas a equipe multidisciplinar (endocrino, gineco, psicologia, fertilidade)
    .

💊 3. Terapia hormonal (MHT/HRT)

Indicações principais:

  • Sintomas vasomotores ou geniturinários intensos.
  • Mulheres com POI, independentemente da presença de sintomas.
  • Iniciar preferencialmente até 10 anos após a menopausa ou antes dos 60 anos.

Recomendações:

  • Com útero: combinar estrogênio + progesterona (para proteger o endométrio).
  • Sem útero: estrogênio isolado.
  • Revisar a cada 3 meses para ajustar dose, via ou tolerância.
  • Transdérmico preferido em casos de risco cardiovascular, diabetes ou hipertensão.
  • Progesterona micronizada e dihidrogesterona têm melhor perfil de segurança cardiovascular e mamário
    .

Duração:

  • Continuar até a idade fisiológica da menopausa (≈51 anos), reavaliando anualmente.

🚫 4. Contraindicações e precauções

  • Histórico de câncer de mama: evitar MHT sistêmica; considerar estrogênio vaginal em baixas doses se sintomas geniturinários forem graves.
  • Doença cardiovascular estabelecida: não usar para prevenção primária ou secundária.
  • Risco tromboembólico prévio: usar preferencialmente estrogênio transdérmico de baixa dose.
  • Demência: não há evidência de benefício preventivo.
  • Enxaqueca com aura: preferir via transdérmica.
  • Hipertensão controlada não é contraindicação; evitar início com PA descompensada

🧍‍♀️ 5. Menopausa precoce e POI

  • TRH é essencial mesmo sem sintomas, por reduzir risco de osteoporose, doença cardiovascular e declínio cognitivo.
  • Deve ser mantida até a idade média da menopausa natural.
  • Avaliar reposição concomitante de testosterona transdérmica em mulheres com desejo sexual hipoativo.
  • Fertilidade residual é possível em até 10% — aconselhar contracepção se não desejar gestação
    .

🌿 6. Alternativas não hormonais

Em contraindicações ou recusa da TRH, considerar:

  • Terapias cognitivo-comportamentais (evidência forte para reduzir desconforto dos fogachos);
  • Hipnose e relaxamento, com melhora de sono e sintomas psicológicos;
  • Atividade física e dieta mediterrânea, com impacto positivo em sintomas e risco cardiovascular;
  • Fitoterápicos e fitoestrógenos, com evidência fraca e risco de interação medicamentosa (ex.: câncer hormônio-dependente)
    .

❤️ 7. Benefícios clínicos confirmados da MHT

  • Reduz fraturas osteoporóticas (RR 0,65–0,70);
  • Melhora função endotelial e perfil lipídico em mulheres jovens;
  • Reduz sintomas vasomotores, distúrbios do sono e humor;
  • Melhora trofismo vaginal e função sexual;
  • Possível benefício cognitivo se iniciada precocemente (“janela de oportunidade”).

⚠️ 8. Efeitos adversos e riscos

  • Aumento discreto do risco de câncer de mama, principalmente com uso prolongado e progestágenos sintéticos.
  • Risco tromboembólico dependente da via oral e da dose.
  • Sem benefício em prevenção de AVC ou demência; pode até aumentar risco se iniciada tardiamente
    .

📋 9. Principais mensagens práticas

  • Menopausa = processo biológico, não apenas evento.
  • O manejo deve ser centrado na paciente, considerando idade, sintomas, riscos, preferências e custo.
  • TRH não é universal, mas é segura e altamente eficaz quando bem indicada e iniciada precocemente.
  • O foco deve ser qualidade de vida, saúde óssea e cardiovascular, e bem-estar emocional.

🧠 10. Conclusão

O consenso reforça que a menopausa deve ser gerida como uma fase de vulnerabilidade metabólica, e não apenas um sintoma a ser suprimido.
terapia hormonal personalizada e o suporte multidimensional (alimentar, emocional, físico e social) são pilares de uma longevidade feminina saudável.

Para consulta e agendamento com o Dr. Daniel Benitti em Campinas, ligue para (19) 3233-4123 ou (19) 3233-7911.

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