Tem problema parar a tirzepatida?

Um recente estudo analisou como diferentes graus de reganho de peso após interrupção do tirzepatide afetam parâmetros cardiometabólicos (circunferência abdominal, pressão arterial, lipídeos, glicemia e insulina).

A análise inclui apenas participantes que:

  • Usaram tirzepatide por 36 semanas e atingiram ≥10% de perda de peso.
  • Foram então randomizados para placebo (interrompendo o tirzepatide).

👥 Amostra

  • 308 participantes
  • 71,1% mulheres
  • Idade média: 47 anos
  • Acompanhamento total: 88 semanas

Eles foram divididos em 4 grupos conforme o quanto recuperaram do peso perdido:

  1. <25% de reganho
  2. 25–50%
  3. 50–75%
  4. ≥75%

🟦 Importante: 82,5% dos participantes recuperaram ≥25% do peso perdido ao interromper o tirzepatide.

📉 Resultados durante o tratamento (0–36 semanas)

De forma consistente entre grupos, o tirzepatide levou a:

  • Redução de peso, IMC e circunferência abdominal
  • Queda de pressão arterial
  • Melhora de triglicerídeos, não-HDL, glicemia, HbA1c, insulina e HOMA-IR

Todas as variáveis melhoraram de maneira previsível durante o tratamento.

📈 Resultados após retirada do tirzepatide (36–88 semanas)

O estudo mostra um padrão claro:

🟥 1. Quanto maior o reganho de peso, maior a perda dos benefícios cardiometabólicos.

🔵 Circunferência abdominal

  • Reversão mínima no grupo <25%
  • Aumento de 14,7 cm no grupo ≥75%

🔵 Pressão arterial

  • Aumento significativo da sistólica em todos os grupos
  • Crescente conforme o reganho aumenta (6,8 → 10,4 mmHg)

🔵 Lipídeos

  • Não-HDL voltou a piorar proporcionalmente ao reganho de peso
  • Triglicerídeos aumentaram sobretudo nos grupos de ≥50% de reganho

🔵 Glicemia, HbA1c e insulina

  • A reversão foi rápida — já evidente em 16 semanas após parar o medicamento
  • HbA1c aumentou proporcionalmente ao reganho:
    • +0,14% no grupo <25%
    • +0,35% no grupo ≥75%

🟩 HDL

Curiosamente, aumentou em TODOS os grupos após a retirada — mudança já observada após emagrecimento por dieta.

🧩 Resultados sobre toda a duração (0–88 semanas)

  • Quem recuperou ≥75% do peso voltou aos valores basais de praticamente todos os parâmetros cardiometabólicos.
  • Quem recuperou <50% ainda manteve alguns benefícios, embora reduzidos.

📌 Conclusão Central do Artigo

Interromper o tirzepatide leva à recuperação substancial do peso em 1 ano na maioria dos indivíduos — e isso está diretamente ligado a uma reversão proporcional das melhorias metabólicas conquistadas durante o tratamento.

Mesmo com dieta hipocalórica e atividade física contínua, apenas 17,5% mantiveram reganho <25%.

👉 A manutenção dos benefícios exige tratamento contínuo.

🧠 Interpretação Clínica (segundo os autores)

  1. Obesidade é doença crônica — e exige tratamento contínuo.
  2. Repetir ciclos de perder e recuperar peso pode ser metabolicamente prejudicial.
  3. Os dados devem ser usados para orientar decisões compartilhadas médico-paciente sobre aderência e continuidade terapêutica.
  4. A resposta variável entre indivíduos reflete a biologia heterogênea da obesidade.

🧬 Pontos fortes do estudo

  • Seguimento longo (52 semanas após retirada)
  • Amostra grande
  • Design randomizado
  • Avaliação por categorias claras de reganho de peso
  • Dados robustos de múltiplos marcadores cardiometabólicos

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Existe um músculo metabólico?

O formato do músculo glúteo máximo muda de maneiras distintas ao longo do envelhecimento e de acordo com estilo de vida, fragilidade, osteoporose e diabetes tipo 2 — e essas alterações são diferentes entre mulheres e homens, segundo uma nova pesquisa que foi apresentada semana passada no encontro anual da Radiological Society of North America (RSNA).

Os pesquisadores utilizaram mapeamento 3D por ressonância magnética, uma técnica que processa uma série de imagens de RM para criar um modelo anatômico 3D detalhado, permitindo melhor visualização. O mapeamento 3D revelou padrões específicos de sexo no glúteo máximo associados ao diabetes tipo 2, sugerindo que o formato — e não o tamanho — do músculo pode refletir diferenças metabólicas subjacentes.

O glúteo máximo é um dos maiores músculos do corpo humano e desempenha um papel fundamental na saúde metabólica.

Usando dados de 61.290 exames de RM disponíveis no banco de dados UK Biobank, a equipe investigou como a análise por ressonância pode caracterizar as características estruturais e a composição do músculo. Além das imagens médicas, o UK Biobank inclui medidas físicas dos voluntários, dados demográficos, biomarcadores de doenças, histórico médico e respostas a questionários de estilo de vida. Os pesquisadores analisaram 86 variáveis diferentes e mapearam como elas se associam às mudanças no formato muscular ao longo do tempo.

Pessoas com maior aptidão física, medida por atividade física vigorosa e força de preensão manual, apresentaram um glúteo máximo com maior volume estrutural, enquanto envelhecimento, fragilidade e longos períodos sentado estavam ligados ao afinamento do músculo

Entre os participantes com diabetes tipo 2, os homens apresentaram encolhimento do músculo, enquanto as mulheres mostraram aumento do volume muscular — provavelmente devido à infiltração de gordura dentro do músculo. Homens classificados como “frágeis” exibiram um encolhimento mais generalizado do glúteo máximo, ao passo que, nas mulheres, o impacto da fragilidade ficou restrito a áreas menores.

Os resultados indicam que homens e mulheres têm respostas biológicas muito diferentes à mesma doença. Mudanças no formato do glúteo máximo podem indicar declínio funcional precoce e comprometimento metabólico em pessoas com diabetes tipo 2 — refletindo diferenças específicas entre sexos na resposta à tolerância à insulina, que ainda exigem mais estudos.

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