Um recente estudo investigou o impacto do grau de processamento dos alimentos — ultraprocessados (UPF) vs minimamente processados (MPF) — na saúde metabólica e no peso corporal, mesmo quando ambos seguem diretrizes alimentares nacionais (UK Eatwell Guide).
Método:
- Tipo de estudo: Ensaio clínico randomizado cruzado 2×2.
- Participantes: 55 adultos com sobrepeso/obesidade (IMC entre 25 e 40 kg/m²) e consumo habitual de ≥50% de calorias de alimentos UPF.
- Intervenções:
- MPF: Dieta com alimentos minimamente processados.
- UPF: Dieta com alimentos ultraprocessados reformulados para atender às diretrizes do Reino Unido.
- Duração:
- 2 dietas de 8 semanas cada, com washout de 4 semanas.
- Desfecho primário:
- Variação percentual do peso corporal (%WC) entre as duas dietas.
Resultados principais:
- Ambas as dietas resultaram em perda de peso, mas:
- MPF: –2,06% (IC 95%: –2,99 a –1,13)
- UPF: –1,05% (IC 95%: –1,98 a –0,13)
- Diferença (Δ%WC): –1,01% a favor da MPF (p = 0,024, Cohen’s d = –0.48)
- A dieta MPF levou a maiores reduções de:
- Massa de gordura (–0,98 kg, p = 0.004)
- Percentual de gordura corporal (–0,76%, p = 0.010)
- Gordura visceral (–0,41, p = 0.008)
- Massa de água corporal (–0,51 kg, p = 0.002)
- Nenhuma diferença significativa em massa magra ou massa muscular entre dietas.
- Ambas as dietas reduziram colesterol total e HDL-C.
- Somente a MPF reduziu significativamente:
- HbA1c e triglicerídeos (Δ TG = –0.25 mmol/L, p = 0.004)
- Somente a UPF reduziu:
- Glicemia de jejum e LDL-C (Δ LDL-C = +0.25 mmol/L para MPF vs UPF, p = 0.016)
- Nenhuma diferença relevante em PCR, ALT, enzimas hepáticas ou PA entre dietas.
- Melhor controle do apetite com MPF:
- Menor desejo por alimentos doces e salgados.
- Maior controle sobre impulsos alimentares (p < 0.05)
- MPF teve avaliações mais baixas para sabor e conveniência do que UPF.
- Ingestão energética:
- MPF: –503,7 kcal/dia (p < 0.001)
- UPF: –289,6 kcal/dia (p = 0.007)
- Efeitos adversos leves foram comuns em ambas as dietas.
- Maior frequência no grupo UPF:
- Constipação (11 vs 3)
- Fadiga (16 vs 4)
- Refluxo/dispepsia (36 vs 29)
- Infecções (17 vs 9)
- Projeção de perda de peso em 1 ano:
- MPF: ~9–13% de redução.
- UPF: ~4–5%.
- Densidade energética e saciedade:
- A dieta UPF era mais densa em energia.
- MPF promoveu melhor saciedade pós-refeição.
- Menor palatabilidade da MPF pode ter contribuído para menor ingestão espontânea.
- Mesmo quando nutricionalmente equivalentes às diretrizes, alimentos ultraprocessados reduzem menos peso e gordura corporal que os minimamente processados.
- A eliminação de UPF oferece benefícios adicionais às diretrizes tradicionais baseadas apenas em nutrientes.
- Recomenda-se considerar o grau de processamento como um critério adicional nas diretrizes alimentares.
- A estratégia de combate à obesidade deve ir além da responsabilização individual e considerar o ambiente alimentar, incluindo marketing, preço e disponibilidade de alimentos UPF.
Dieta ad libitum baseada em alimentos minimamente processados promove maior perda de peso e gordura corporal e melhor controle do apetite do que uma dieta composta por ultraprocessados, mesmo quando ambas seguem as recomendações nacionais de alimentação saudável.
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