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Um recente estudo investigou, em 637 mulheres brasileiras com lipedema confirmado ou suspeito, se o uso de contraceptivos hormonais está associado:
- à piora dos sintomas,
- ao início dos sintomas,
- à gravidade da doença,
- e ao impacto na qualidade de vida.
Trata-se do maior estudo brasileiro já realizado sobre esta associação.
1. Metodologia
Tipo de estudo
Estudo observacional transversal, com coleta online de dados (ago–nov 2025).
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- 637 mulheres ≥ 18 anos
- 77,1% com diagnóstico médico de lipedema
- Idade média: 41,8 anos
- IMC médio: 28,9 kg/m²
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Incluiu:
- sintomas (0–8 pontos)
- qualidade de vida (0–15)
- escala de dor (0–10)
- auto-estima
- histórico hormonal completo
- tipo, tempo e efeitos colaterais de contraceptivos
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- Chi-quadrado
- Correlação de Spearman
- Regressão logística (preditores de piora)
- Regressão linear (qualidade de vida)
- NLP (IA) para interpretar textos livres
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- Estágio mais comum: Estágio 2 (32,2%)
- Tipos mais frequentes:
- Tipo III (58,1%) – quadris, coxas, panturrilhas
- Tipo II (32,9%)
Comorbidades:
- Hipotireoidismo (28,1%)
- Ansiedade/depressão (22,6%)
- Hipertensão (18,5%)
Sintomas:
- Média do escore de sintomas: 6,07/8
- Dor média: 5,2/10
- 70,5% com auto-estima baixa ou regular
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92,3% das participantes já utilizaram algum contraceptivo hormonal.
Entre os métodos mais usados:
- Pílula: 59,7%
- DIU hormonal: 13,7%
- Injeção, implante e anel vaginal em menor proporção
Duração média de uso: 10,3 anos
Idade média de início: 20,7 anos
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Entre as 588 usuárias:
- 34,5% → piora grave
- 24,3% → piora leve
- 40,3% → nenhuma mudança
- 0,9% → melhora
A distribuição foi estatisticamente significativa (p < 0,001).
5. “ 15,1% relataram início dos sintomas exatamente após começar o contraceptivo Segundo análise de linguagem natural, 96 mulheres relataram que os sintomas começaram no mesmo período em que começaram contraceptivos.
Outros gatilhos: Puberdade: 39,7%, Indeterminado: 28,1%, Gravidez: 11,6%, Menopausa: 5,5%.
Esse achado reforça forte plausibilidade temporal, embora não prove causalidade.” – Explica o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular formado pela USP com ênfase no tratamento do Lipedema, que atende em São Paulo, Campinas e a distância (online).
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Entre as usuárias:
| Efeito colateral | Prevalência | Associação com piora |
| Ganho de peso | 41,8% | 71,7% relataram piora (vs. 43,5% sem ganho) |
| Inchaço | 40,5% | fortemente associado |
| Cefaleia | 22% | moderada |
| Alterações de humor | 13,2% | 77,4% relataram piora (vs. 51,3%) |
Esses sintomas parecem atuar como marcadores de sensibilidade hormonal.
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O maior preditor de piora foi:
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Cada ponto adicional aumentou a chance de piora em 56%.
Outros achados:
- Menarca tardia → efeito protetor (OR = 0,746)
- Maior IMC → pequeno efeito protetor (OR = 0,819)
- Duração de uso → sem efeito
→ Piora não depende do tempo, e sim da susceptibilidade individual.
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Preditores independentes:
- Dor – maior impacto (β = 0.641)
- IMC (β = 0.364)
- Não houve impacto direto da piora com contraceptivos após ajustes.
Ou seja, dor crônica é o maior alvo terapêutico.
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O estudo discute (como hipótese, não como conclusão) que:
- O lipedema pode envolver um estado inflamatório crônico
- Hormônios exógenos podem amplificar vulnerabilidades
- Mulheres mais sintomáticas teriam um fenótipo mais inflamma-sensível
Modelos sugeridos na discussão:
- Ativação de mastócitos
- Aumento da permeabilidade vascular
- Disfunção linfática
- Adipogênese estimulada por estrogênios/progestagênios
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- Questionário online (sem exames objetivos)
- Desenho transversal → não permite provar causalidade
- Possível viés de memória
- Não foi possível comparar tipos específicos de hormônios
Mesmo assim, a amostra grande e análises multivariadas fortalecem a validade estatística.
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- Contraceptivos hormonais estão fortemente associados à piora dos sintomas em mulheres com lipedema.
- Mais da metade das usuárias relatou piora.
- 15,1% tiveram início dos sintomas no período de início do contraceptivo.
- O maior preditor é o nível de sintomas prévio.
- Piora parece depender de susceptibilidade individual, não do tempo de uso.
- O aconselhamento contraceptivo deve ser individualizado para mulheres com lipedema.
- Estudos prospectivos com marcadores objetivos são necessários para confirmar causalidade
Para consulta e agendamento com o Dr. Daniel Benitti em Campinas, ligue para (19) 3233-4123 ou (19) 3233-7911.
Para consultas com o Dr. Daniel Benitti em São Paulo, ligue para (11) 3081-6851.
Caso prefira, entre em contato diretamente com ele via e-mail:

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