
O Alzheimer (AD) envolve não apenas neurodegeneração, mas também disfunção vascular — incluindo redução de óxido nítrico (NO), que é crucial para vasodilatação e perfusão cerebral.
Estudos prévios mostraram que pessoas com AD apresentam:
- Menor perfusão cerebral
- Menor fluxo sanguíneo periférico
- Menor biodisponibilidade de NO
O NO pode ser aumentado via a ingestão de nitrato inorgânico, especialmente por meio de suco de beterraba rico em nitrato, que é convertido pelos microrganismos da boca e do intestino em nitrito e posteriormente em NO.
Entretanto, nenhum estudo havia testado antes se indivíduos com AD:
- Conseguem converter nitrato → nitrito → NO normalmente
- Respondem vascularmente ao suco de beterraba
Um recente artigo respondeu exatamente isso.
👥 Métodos
Participantes
30 indivíduos divididos em 3 grupos:
- 10 com Alzheimer (AD) – 76 ± 9 anos
- 10 idosos saudáveis (OLD) – 75 ± 6 anos
- 10 jovens (YN) – 25 ± 4 anos
Todos foram submetidos a testes após:
- Suco de beterraba rico em nitrato (BR)
- Placebo sem nitrato (PLA)
O estudo foi duplo-cego, randomizado, cruzado.
🧪 Avaliações principais
1. Concentração plasmática de nitrato (NO₃⁻) e nitrito (NO₂⁻)
Dosadas do início (T0) até 4 horas pós-ingestão (T1–T4).
2. Responsividade vascular via Single Passive Leg Movement (sPLM)
Método que avalia vasodilatação NO-dependente.
A métrica usada foi o Δpeak, que mede o aumento do fluxo sanguíneo após um movimento passivo de perna.
📊 Resultados
🔸 1. Placebo: nenhuma alteração
Nenhum grupo apresentou mudanças no NO₃⁻, NO₂⁻ ou na resposta vascular.
Ou seja: efeito zero com placebo.
🔸 2. Suco de beterraba aumentou nitrato e nitrito igualmente nos três grupos
Nitrato (NO₃⁻)
- Aumento rápido e marcante 1 hora após ingestão (T1).
- O pico se manteve até T4.
- No T0, indivíduos com AD tinham NO₃⁻ um pouco mais baixo, mas depois do suco todos responderam igual.
📌 Conclusão: Pessoas com Alzheimer conseguem converter nitrato em nitrito tão bem quanto jovens e idosos saudáveis.
🔸 3. Suco de beterraba aumentou a vasodilatação (Δpeak) em todos os grupos
- Houve aumento significativo do Δpeak após o suco em YN, OLD e AD.
- A amplitude de melhora (diferença T0 → T1–T4) foi semelhante nos grupos.
👉 Mas:
- O valor absoluto de Δpeak foi sempre pior em AD que nos outros grupos.
- E pior em idosos do que em jovens.
Isso aparece claramente nos gráficos das Figuras 1 e 2 do PDF.
📌 Interpretação:
O nitrato aumenta a resposta vascular em pessoas com Alzheimer, mas não normaliza totalmente seu padrão vascular cronicamente deteriorado.
🧠 Discussão: o que o estudo revela?
✔ 1. A conversão nitrato → nitrito NÃO está prejudicada no Alzheimer
Isso sugere que:
- O microbioma oral e intestinal dos pacientes com AD examinados estava funcional.
- A via alternativa NO₃⁻ → NO₂⁻ → NO está preservada.
✔ 2. O problema vascular do Alzheimer não é somente falta de NO
Apesar do aumento da biodisponibilidade de NO, a perfusão continua prejudicada.
Causas citadas no artigo:
- Inflamação crônica
- Estresse oxidativo
- Rigidez arterial
- Alterações estruturais no endotélio
- Morte celular, disfunção mitocondrial
- Alterações crônicas do tecido vascular (figuras e seções discursivas do artigo)
📌 Isso indica que o sistema vascular no Alzheimer sofre danos estruturais irreversíveis com apenas 1 dose de nitrato.
✔ 3. Uma única dose de suco de beterraba ajuda, mas não reverte anos de dano vascular
O estudo mostra melhora funcional, mas não restauração da perfusão.
✔ 4. Resultados sugerem benefícios potenciais do uso crônico
O artigo conclui que:
- A suplementação crônica pode gerar ganhos maiores
- Ainda não se conhece a segurança e toxicidade a longo prazo
- Mais estudos são necessários
🧪 Conclusões principais
🔹 1. Suco de beterraba aumenta NO₃⁻, NO₂⁻ e resposta vascular em todos os grupos
YOUNG ≈ OLD ≈ AD (na resposta relativa).
🔹 2. Alzheimer NÃO prejudica a conversão do nitrato em NO
Processo metabólico intacto.
🔹 3. O comprometimento vascular do Alzheimer é estrutural
Mesmo com NO elevado, a vasodilatação absoluta continua reduzida.
🔹 4. Nitrato pode ser uma estratégia terapêutica
Mas uma única dose não reverte décadas de dano vascular.
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