Já se passaram 75 anos desde que uma pequena comunidade de classe média próxima a Boston nos Estados Unidos tornou-se a chave para ajudar a resolver os mistérios das doenças cardiovasculares.
O Framingham Heart Study (FHS) foi estabelecido em 1948 para melhorar a compreensão da epidemiologia da doença cardíaca coronária nos EUA. Em 1961, um trabalho seminal identificou os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares (pressão alta, níveis elevados de colesterol e evidências no eletrocardiograma de hipertrofia ventricular esquerda), que mais tarde formaram a base para algoritmos multivariados de previsão de risco de 10 e 30 anos.
Fumar. Colesterol. Pressão arterial. Obesidade. Hoje é muito claro estes fatores como agravantes para doenças cardiovasculares. Mas na década de 1940, com uma em cada duas mortes causadas por doenças cardiovasculares e mesmo depois que o presidente Franklin Roosevelt morreu de insuficiência cardíaca e um derrame fulminante, a informação teria sido considerada revolucionária.
O mundo mudou aos trancos e barrancos desde 11 de outubro de 1948, quando, motivados pela legislação assinada após a morte do presidente, os pesquisadores examinaram o primeiro voluntário da comunidade para o Framingham Heart Study. Eles foram um dos 5.209 homens e mulheres, em sua maioria brancos, que participaram de exames físicos, amostras de laboratório e questionários, e que concordaram em retornar a cada dois anos. Cerca de dois terços dos adultos da cidade participaram!
Framingham popularizou a ideia de fatores de risco cardiovascular, as condições ou comportamentos que aumentam as chances de ter um ataque cardíaco ou derrame. Pesquisadores da ESF publicaram trabalhos abordando esses fatores, como pressão alta, sedentarismo e excesso de peso. O estudo refinou a ideia de colesterol “bom” e “mau”. E já em 1960, apontava o tabagismo como um dos culpados pelas doenças cardíacas.
“O trabalho continua a se ramificar do coração para o cérebro e até mesmo para o nível molecular, adaptando-se às demandas da ciência. Sempre que a ciência torna algo possível, eles colocam no estudo. Os dados do Framingham Heart Study geraram mais de 3.700 estudos publicados em revistas médicas indexadas. Framingham é a prova viva do poder salvador da pesquisa científica.” – Explica o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular médico especialista em Lipedema que atende em São Paulo, Campinas e a distância (online).
O estudo engloba hoje três gerações de participantes (n ≈ 15.000) e duas coortes minoritárias. As coortes são densamente fenotipadas, com exames recorrentes de acompanhamento e vigilância para desfechos cardiovasculares e não cardiovasculares. A avaliação da doença subclínica e o perfil fisiológico dessas coortes (com o uso de ecocardiografia, monitoramento eletrocardiográfico ambulatorial, teste ergométrico, TC cardíaca, RM do coração e do cérebro, tonometria vascular seriada e acelerometria) foram realizados repetidamente. Na última década, as coortes passaram por perfis profundos de genômica global (incluindo sequenciamento de todo o genoma, análise de metilação do DNA, transcriptômica, proteômica e metabolômica de alto rendimento e estudos de microbioma). Os pesquisadores conduziram o sequenciamento completo do genoma de cerca de 4.000 pessoas. Seu programa de pesquisa cerebral já recebeu 230 cérebros de participantes que já morreram, com mais 572 participantes inscritos para doar os seus.
O FHS é um estudo de coorte rico, longitudinal, transgeracional e profundamente fenotipado, com foco sustentado em métodos epidemiológicos de ponta e avanços tecnológicos para facilitar descobertas científicas. Ainda veremos mais estudos publicados baseados nos dados do FHS.
https://www.nhlbi.nih.gov/
Para consulta e agendamento com o Dr. Daniel Benitti em Campinas, ligue para (19) 3233-4123 ou (19) 3233-7911.
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