
O Consenso Europeu 2025 da European Society of Endocrinology (ESE) sobre menopausa e perimenopausa é um documento extenso e de alta relevância clínica que define recomendações atualizadas para diagnóstico e manejo, com foco na individualização da terapia hormonal (TRH/MHT) e na abordagem holística da mulher no climatério.
Segue um resumo detalhado estruturado por seções:
1. Contexto e objetivos
O guideline foi desenvolvido para padronizar a conduta de profissionais de saúde frente às mulheres em menopausa natural, precoce ou insuficiência ovariana prematura (POI), abordando:
- Diagnóstico clínico e laboratorial;
- Terapia hormonal e não hormonal;
- Impacto na saúde óssea, cardiovascular, mental e sexual;
- Abordagem em mulheres com contraindicação hormonal, como as com câncer de mama.
A menopausa é considerada um espectro, incluindo perimenopausa, menopausa e pós-menopausa.
Cerca de 25% das mulheres apresentam sintomas debilitantes, principalmente fogachos, distúrbios do sono e alterações de humor
.
2. Diagnóstico e avaliação
- Não é necessário exame laboratorial em mulheres >45 anos com sintomas típicos.
- FSH e estradiol só devem ser dosados em mulheres <45 anos com irregularidade menstrual ou infertilidade.
- POI (<40 anos) deve ser confirmada com FSH >25 IU/L (duas vezes, com 4 semanas de intervalo).
- Avaliar causas genéticas (FMR1, Turner), autoimunes e iatrogênicas (cirurgia, quimio, radioterapia).
- Mulheres com POI devem ser encaminhadas a equipe multidisciplinar (endocrino, gineco, psicologia, fertilidade)
.
3. Terapia hormonal (MHT/HRT)
Indicações principais:
- Sintomas vasomotores ou geniturinários intensos.
- Mulheres com POI, independentemente da presença de sintomas.
- Iniciar preferencialmente até 10 anos após a menopausa ou antes dos 60 anos.
Recomendações:
- Com útero: combinar estrogênio + progesterona (para proteger o endométrio).
- Sem útero: estrogênio isolado.
- Revisar a cada 3 meses para ajustar dose, via ou tolerância.
- Transdérmico preferido em casos de risco cardiovascular, diabetes ou hipertensão.
- Progesterona micronizada e dihidrogesterona têm melhor perfil de segurança cardiovascular e mamário
.
Duração:
- Continuar até a idade fisiológica da menopausa (≈51 anos), reavaliando anualmente.
4. Contraindicações e precauções
- Histórico de câncer de mama: evitar MHT sistêmica; considerar estrogênio vaginal em baixas doses se sintomas geniturinários forem graves.
- Doença cardiovascular estabelecida: não usar para prevenção primária ou secundária.
- Risco tromboembólico prévio: usar preferencialmente estrogênio transdérmico de baixa dose.
- Demência: não há evidência de benefício preventivo.
- Enxaqueca com aura: preferir via transdérmica.
- Hipertensão controlada não é contraindicação; evitar início com PA descompensada
5. Menopausa precoce e POI
- TRH é essencial mesmo sem sintomas, por reduzir risco de osteoporose, doença cardiovascular e declínio cognitivo.
- Deve ser mantida até a idade média da menopausa natural.
- Avaliar reposição concomitante de testosterona transdérmica em mulheres com desejo sexual hipoativo.
- Fertilidade residual é possível em até 10% — aconselhar contracepção se não desejar gestação
.
6. Alternativas não hormonais
Em contraindicações ou recusa da TRH, considerar:
- Terapias cognitivo-comportamentais (evidência forte para reduzir desconforto dos fogachos);
- Hipnose e relaxamento, com melhora de sono e sintomas psicológicos;
- Atividade física e dieta mediterrânea, com impacto positivo em sintomas e risco cardiovascular;
- Fitoterápicos e fitoestrógenos, com evidência fraca e risco de interação medicamentosa (ex.: câncer hormônio-dependente)
.
7. Benefícios clínicos confirmados da MHT
- Reduz fraturas osteoporóticas (RR 0,65–0,70);
- Melhora função endotelial e perfil lipídico em mulheres jovens;
- Reduz sintomas vasomotores, distúrbios do sono e humor;
- Melhora trofismo vaginal e função sexual;
- Possível benefício cognitivo se iniciada precocemente (“janela de oportunidade”).
8. Efeitos adversos e riscos
- Aumento discreto do risco de câncer de mama, principalmente com uso prolongado e progestágenos sintéticos.
- Risco tromboembólico dependente da via oral e da dose.
- Sem benefício em prevenção de AVC ou demência; pode até aumentar risco se iniciada tardiamente
.
9. Principais mensagens práticas
- Menopausa = processo biológico, não apenas evento.
- O manejo deve ser centrado na paciente, considerando idade, sintomas, riscos, preferências e custo.
- TRH não é universal, mas é segura e altamente eficaz quando bem indicada e iniciada precocemente.
- O foco deve ser qualidade de vida, saúde óssea e cardiovascular, e bem-estar emocional.
10. Conclusão
O consenso reforça que a menopausa deve ser gerida como uma fase de vulnerabilidade metabólica, e não apenas um sintoma a ser suprimido.
A terapia hormonal personalizada e o suporte multidimensional (alimentar, emocional, físico e social) são pilares de uma longevidade feminina saudável.
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