
Lipedema é uma condição crônica, progressiva, quase exclusiva em mulheres, caracterizada pelo acúmulo de tecido adiposo nas extremidades inferiores. Nos últimos anos, o uso off-label da gestrinona, um esteroide sintético com ação androgênica, anti estrogênica e antiprogestagênica, tem sido promovido para o tratamento do lipedema, especialmente em implantes subcutâneos — apesar de não haver aprovação regulatória ou evidência científica que sustente tal indicação.
Um recente estudo investigou, de forma sistemática, se há evidência científica que comprove a eficácia e segurança da gestrinona no tratamento do lipedema.
Metodologia
- Tipo de estudo: Revisão sistemática baseada nas diretrizes PRISMA.
- Bases de dados pesquisadas: PubMed, MEDLINE, Cochrane Library, LILACS, ClinicalTrials.gov, ReBEC, Google Scholar e diretrizes clínicas de sociedades nacionais/internacionais.
- Período de busca: Até 30 de julho de 2025.
- Critérios de inclusão: Ensaios clínicos randomizados, estudos observacionais, revisões sistemáticas, séries de casos e diretrizes que avaliassem especificamente o uso de gestrinona no lipedema.
- Resultados: Nenhum estudo atendeu aos critérios de inclusão. Não foram encontrados ensaios clínicos, estudos observacionais, revisões ou mesmo relatos de caso que avaliassem a gestrinona para essa finalidade. Tampouco foram identificados estudos em andamento.
Resultados
- Dos nove registros identificados (quatro em bases indexadas e cinco em literatura cinzenta), nenhum forneceu evidência clínica sobre a gestrinona no tratamento do lipedema.
- Guias e consensos clínicos analisados (como SBACV, SBEM e Associação Brasileira de Lipedema) são unânimes ao desaconselhar o uso da gestrinona para lipedema, destacando a ausência de respaldo científico.
Tratamentos baseados em evidência para lipedema
Segundo os consensos nacionais e internacionais, os tratamentos recomendados incluem:
- Terapia compressiva (meias ou bandagens).
- Fisioterapia descongestiva complexa (CDT).
- Exercícios físicos adaptados, de baixo impacto.
- Orientação nutricional (dieta anti-inflamatória).
- Suporte psicológico.
- Lipoaspiração com preservação linfática, apenas em casos refratários e após pelo menos 12 meses de tratamento conservador.
Discussão e Implicações
“O uso crescente da gestrinona em lipedema parece ser motivado por marketing estético e pressão comercial, e não por evidência científica.
A ausência de qualquer estudo clínico ou relato de caso que sustente sua eficácia ou segurança para essa condição é alarmante, especialmente considerando o risco de efeitos adversos relacionados a esteroides anabolizantes.
A gestrinona é substância proibida pela WADA e seu uso indiscriminado levanta preocupações éticas sérias, principalmente em um grupo de pacientes vulneráveis como mulheres com lipedema.” – Alerta o Dr. Daniel Benitti, cirurgião vascular médico especialista em Lipedema que atende em São Paulo, Campinas e a distância (online).
Conclusão
Não há qualquer base científica que justifique o uso de gestrinona para o tratamento de lipedema.
Sua prescrição representa risco potencial à saúde e deve ser evitada. Até que estudos clínicos controlados e aprovados por comitês de ética sejam conduzidos, o tratamento deve permanecer baseado em abordagens comprovadas, seguras e multidisciplinares.
Para consulta e agendamento com o Dr. Daniel Benitti em Campinas, ligue para (19) 3233-4123 ou (19) 3233-7911.
Para consultas com o Dr. Daniel Benitti em São Paulo, ligue para (11) 3081-6851.
Caso prefira, entre em contato diretamente com ele via e-mail:


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